sábado, 8 de outubro de 2016

A Intensidade do "Acaso Caos" * Ricardo Bezerra - Pb

A intensidade do "Acaso Caos"
Ricardo Bezerra - Pb
*

A intensidade do “acaso caos”

                            Não sou crítico literário, pois admiro o que escreve o Escritor Hildeberto Barbosa Filho. Porém, ao fim da leitura de um livro, quando este arrebata as emoções, fazendo com que a circulação sanguínea alcance níveis que proporcionem a erupção vulcânica, materializada no suor que inunda o corpo, dando sensação térmica aparente de larva que consome tudo por onde passa, sinto uma necessidade extrema de externar, na escrita, o que senti com aquela leitura, eternizando o meu pensar.
                            Ao ler “acaso caos” de Bruno Gaudêncio, poesias, onde prefiro extirpar esta conotação de “jovem poeta” ou de que “está maduro no exercício poético”, já que entendo que todos que escrevem são poetas, independente da idade, porque o sentir poético depende do olhar à escrita, do gosto por determinada leitura e, também, do momento em que o leitor está para ler. Augusto dos Anjos ao ter sua morte anunciada foi dito que nada havia se perdido, enquanto poeta. Quem o disse, para não exaltar seu nome, deve está revirando a cova!
                            A intensidade do “acaso caos” começa pela sua inclusão em seis dos poemas apresentados, destacando-se o que atribui o título do livro, fls. 45, desta edição lida, onde a imagem do amor e seu conflito são permeados pelo relacionamento a dois, usando o autor “nós”.
                            Esta reflexão nos conduz ao estudo numerológico do seis, onde é perceptível no citado poema que o autor se identifica muito mais com “nós” do que o “eu”, colocando a sua preocupação com o bem estar das pessoas, visivelmente percebido na relação exarada pelo autor.
                            O “acaso caos” em seis poemas do autor condiz com o seu perfil pessoal para o numerológico, por ser o número indicado aos Mistérios Maiores, do amor-sabedoria e da glória.
                            Cultura é algo que já não mais se questiona neste Campinense arretado! Ele vem aprimorando-a a cada dia; até mesmo pelo seu caráter, digno de uma personalidade humana integrado pelos veículos da matéria: físico, vital, emocional e mental. Aliado a isto, completa-se com o espírito.                       
                                Algumas virtudes do número seis, tais como: Sentimentos de Amor, Fraternidade, Paz, a Incansável busca de Deus, responsabilidade, teimosia, disposição, dar e ser conselheiro, ser sonhador, magnetismo, atração, simpatia, amizade, beleza, pureza, sensibilidade, companheirismo, compaixão, acolhedor, são visivelmente encontradas na leitura de “acaso caos” e, até mesmo, no próprio ser Bruno Gaudêncio.
                            O autor confiou no “acaso” e venceu, sendo imprevisível, sem refletir pelas conseqüências e que na probabilidade lançou o “caos” como forma de manejar as palavras e fazer com que elas fossem ingeridas pelo leitor causando-lhe uma revolução interna, reflexiva.
                            Bruno Gaudêncio surge como a natureza divina de “caos”, a primeira divindade a surgir no universo, de difícil entendimento, quando na verdade esta leitura é mudança de idéia.
                            O “Itinerário da desordem interna” é a própria estrutura da divindade. A mais antiga das divindades. Pai de Tártaro (abismo), Gaia (Terra) e Eros (cupido - o mais belo entre os deuses). Significa o vazio original do universo.
                            O trajeto numerológico e divino do autor é um olhar diferente onde o poema é vida, vagando no vazio do caos, onde a “Retina” demonstra uma sensibilidade do poeta e sua pintura estética da poesia como a razão de tudo, onde tudo pode; até mesmo superar a razão.
                            O abismo “bruniano”, nesta ótica e leitura pessoal, compreende uma sonoridade neste “ossos” que habita na casa eterna como um grande enigma da vida. Como tratar o tema? Sutilmente Bruno Gaudêncio nos transporta a uma nova leitura dos nossos ossos. E esta sonoridade tem leitura similar em “pequena canção do caos”, levando à Terra um propósito momento de que o vazio foi extirpado.
                            A narrativa mística, divina, entendida na leitura ganha corpo em “geolírica” por entender a divindade Terra na sua essência de “alma”, possível de se livrar do caos humano, através da poesia.
                            Ler Bruno Gaudêncio e colocar no papel a visão numerológica e mística da sua poesia, na noite de São João, onde a fogueira queima vida outrora, dando vazio ao universo, é de se ter “a urgência do vento” para que o nevoeiro exalado seja substituído pelo sonho do poeta em ter seus olhos coloridos por nuvens que não brincam de sol.
                                                                      RICARDO BEZERRA
                                                                       Escritor/Poeta/Advogado
                                                           Instituo Histórico e Geográfico Paraibano
      Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro- Núcleo da Paraíba                                                             
                                                               Academia Paraibana de Poesia

Livro: ACASO CAOS - poesia
Autor: Bruno Gaudêncio
Editora: Editora IDEIA – 2013


·       Publicado no Jornal LINGUAGEM VIVA, Ano XXIV, nº 291, novembro de 2013, São Paulo/SP.

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