Leandro Alves -MG/Quem Lê o Quê
Memórias da Guerra /
Agnaldo Silva -Editora Record - RJ
Agnaldo Silva foi minha grande descoberta em 2016 com o
livro “Memórias da Guerra” (Record, 1986)! Os contos dele me instigam pela
capacidade de síntese, o humor negro, pelos personagens que nossa sociedade
míope se recusa a enxergar. Este livro
que, bem que poderia ter como trilha sonora a canção “Na batucada da vida”, de
Ari Barroso, é o retrato da extinta Lapa onde eu gostaria de ter vivido. São
malandros com a navalha em riste, para quem a vida é uma guerra constante.
O conto brasileiro, como mostra este brilhante livro, não
parece monopólio de Rubem Fonseca e Dalton Trevisan. As putas, os travestis, os michês, as
mulheres de bandido— ganham neste texto uma luz que vai além dos letreiros
luminosos que iluminam a miséria na cidade.
Agnaldo Silva é dramaturgo, contista, escritor, cineasta e é
lamentável que apenas apareça nas entrevistas de TV como autor de telenovelas.
O livro de Agnaldo é divido em três partes. Na primeira “Livro Um-verdades?”, temos obras
primas com o “Nas Matinês do cinema Irís”, que fez com que eu empreendesse uma
verdadeira busca pelos sebos da cidade em busca do livro no qual estava
publicado. “Seguem os contos “Memórias
da Guerra”, “Pavana para Twist (A Agonia da Lapa)”, “Uma incerta no Mangue”,
“Mulher de Bandido” e A Batalha em Nova Iguaçu”.
Na segunda, “Livro dois-mentiras?” temos, dentre outros, os
contos “Eles atendem por telefone”, “Confissões de um jovem michê” e “... E a
França aprende a tomar banho”.
Por fim, no “Livro três-mentiras e verdades?” temos o conto
“Amor grego”, elogiadíssimo por João Antônio.
O autor ainda é reponsável por obras como: “Redenção para
Job”, “Cristo partido ao meio”, “Dez
histórias imorais”, etc.
O fascínio que o livro exerce sobre mim se deve ao fato de
fotografar em palavras um mundo diferente da hipocrisia e do conservadorismo em
que vivemos hoje.
Dentre suas melhores novelas estão:
“Roque santeiro”, em parceira com Dias Gomes; “Tieta”,
adptado do romance de Jorge Amado; “Senhora do Destino”, que é considerada uma
das melhores novelas do ano 2000.
Apresentação do Autor
Cabral, o Leandro Alves é um poeta amigo que gosto muito e ele faz último ano de Letras na PUC-Minas. Senti nele uma vontade enorme de participar do seu blog sobre "o que estou lendo agora", mas sem jeito de lhe pedir. Se pudesse convidá-lo, ficarei grato por isso. O e-mail dele é: falecom.leandroalves@gmail.com
Abração amigo,
Rogério Salgado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário