Graciliano Ramos É Notícia
Graciliano Ramos
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Hoje à noite participarei de um leilão. O primeiro de minha vida. Tentarei arrecadar uma primeira edição de Vidas Secas. É autografada para o meu bisavô, Seu Américo Medeiros, pai de Heloísa Ramos, minha avó, viúva do autor alagoano. Vovô Américo, como nós o chamávamos, era um contador de histórias. Quando menino eu me sentava em sua cadeira de balanço e ouvia relatos que me faziam viajar. Não sei como esse livro escapou da família. Precisar de dinheiro é muito duro. Ficarei um pouco com o livro, gosto de namorar edições antigas, principalmente quando tem o significado que esta tem. Depois doarei para o IEB (Instituto de Estudos Brasileiros). Livros autografados de autores importantes devem ficar onde possam ter acesso fácil. A maior homenagem que se pode fazer a um escritor é facilitar o estudo de sua obra.
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Ricardo Ramos Filho
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Muita gente curiosa, querendo saber o resultado do leilão, coisa administrada por um tal de Luiz Fernando Moreira Dutra. Estive lá ontem e não tive paciência para esperar a disputa acontecer. Até por não estar disposto a disputar uma coisa que sinto meio minha. Deixei o lance mínimo oficializado, R$ 3000,00 - muito para o meu bolso -, e fui embora. Hoje soube que arremataram o livro por um valor maior, não quiseram me informar quanto, nem quem ficou com a obra. Paciência! Graciliano acharia estranha minha disposição. Querer gastar tanto por um livro tão chinfrim seria para ele uma doidice.
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